Espinho, “o lugar da praia”.
A primeira vez que a sua costa foi citada data-se a 1737, na reportação de uma revolta que envolveu pescadores de S. Jacinto, Torreira e Furadouro, descontentes com a proibição em utilizar recursos florestais.
Ao longo destes anos foram muitas as modificações que Espinho sofreu e não podemos falar na evolução da cidade sem mencionar o mar, que provocou inúmeras alterações na planta da cidade com as suas diversas invasões.



ORIGEM DO NOME
A origem da designação “Espinho” consta na sua história algumas variações: ora devido à natureza da costa - aflorada de elementos rochosos - ora devido ao tipo de vegetação - quantidades abundantes de arbustos espinhosos.

Contudo, afirma-se que os pescadores do Furadouro, que em meados do século XVIII se fixaram entre os lugares de Espinho e o lugar da praia de S. Martinho de Anta, transportaram para a praia de S. Martinho de Anta o nome que deu origem à atual cidade de Espinho, nome este que tem como fonte as espécies de plantas de caules baixos espinhosos, finos e rígidos: Eryngium-Maritimum, popularmente conhecidas por “cardo das areias” e abundantemente presentes nas dunas nos lugares de Espinho e Brito, na marinha de S. Félix da Marinha e nas dunas das praias a sul, entre Silvalde e Paramos.

EVOLUÇÃO DE ESPINHO
Em meados do século XVIII, a povoação de Espinho resumia-se a um conjunto de casas de madeira, amontoadas em torno do largo denominado “Praça Velha”, e ligadas por vielas estreitas e tortuosas, com barracos mais próximos do mar e situados dispersamente, onde eram guardados os materiais da pesca.
A construção da estação em 1875 foi decisiva para o progresso da cidade porque permitiu uma maior facilidade de comunicações e atraiu mais veraneantes portugueses e espanhóis. Nos anos futuros foram várias as modificações e evoluções dos caminhos de ferro, destacando-se a criação da linha férrea dupla, em 1902.
No ano de 1811 vem para Espinho a primeira Companha de pesca, contribuindo para o grande desenvolvimento da cidade com a indústria da pesca e o processo de conserva da sardinha através da salga.
Espinho começa a ser frequentada por pessoas de fora em busca dos Arrais das Companhas para poderem tomar banho.
Em 1886 destaca-se a fundação da Assembleia de Espinho, que veio mais tarde dar origem ao casino.
Em 1889 Espinho estava povoada de construções modernas e elegantes e foi neste ano que atingiu a sua independência, tornando-se Freguesia. Isto permitiu à cidade continuar o seu desenvolvimento, juntamente com o crescimento da indústria da pesca, da conversa e do comércio local, assim como no jogo e como estância balnear (quer nos banhos do mar quer nos banhos de estabelecimento com água do mar quente).
Dois dos locais mais conceituados e populares de Espinho eram o Café Chinês (“Chinez”) e o Hotel Bragança. Eram locais de diversão, onde se jogava e dançava.

Em 1891 destaca-se a construção do cemitério de Espinho, que surgiu porque a cidade não possuía Igreja, apenas uma Capela, e as pessoas tinham de se dirigir à Igreja de Anta, o que não era viável, surgindo assim os terrenos para construir o cemitério.
Em 1894 foi fundada a fábrica de conservas Brandão, Gomes & C.ª, o que conferiu boa consistência à economia da cidade (que até então estava confinada à pesca, comércio a retalho e prestação de serviços na época balnear) pois permitiu empregar muitas pessoas.




No mesmo ano foi também inaugurada a Feira de Espinho, considerada a maior feira de Portugal, que, até aos dias de hoje, permance e continua a crescer.
A população de Espinho aumentava assim cada vez mais, principalmente no verão, tendo inclusivé aparecido a tradição do Chiado, com a atribuição do nome “Chiado de Espinho” da Rua 23 à 17, Avenida 8 ao largo de N.ª Senhora da Ajuda, tal era a envolvência com as pessoas a passear, com o comércio e com a praia. Havia uma enorme atração de pessoas para Espinho e um vai e vem frenético nas ruas principais.


Em 1894 é fundada a Associação Socorros Mútuos, que perdura até hoje.
Espinho passa a Concelho em 1899 e no mesmo ano é inaugurada a primeira praça de toiros. Em dias de tourada havia muita afluência na cidade, o que se revelava bastante produtivo para o comércio e consequente crescimento.
Em 1901 foi fundada a “Gazeta de Espinho”, como veículo da luta pela independência.

O desenvolvimento de Espinho e os casinos andaram sempre de mão dada, existindo jogo desde 1865, com os vareiros que descontraidamente jogavam cartas pelos cafés. Mas foi na Avenida 8 e Rua 19, a denominada “Chiado”, onde o jogo ganhou raízes, a partir da segunda metade do século XIX.

O casino, inicialmente Casino Peninsular, nasceu no edifício da Assembleia. O Casino de Espinho atual surge em 1915.
Em 1928 surge a fundação dos Bombeiros Voluntários Espinhenses.
EMANCIPAÇÃO DE ESPINHO
Inicialmente pertencente a Ovar e posteriormente a Anta, Espinho atinge a sua independência 23 de maio de 1889 e passa a freguesia dois anos depois, a 15 de fevereiro de 1891. A sua proclamação como concelho ocorre em 1899.

A elevação de Espinho a freguesia surgiu graças à Irmandade de Nossa Senhora d’Ajuda que, em julho de 1877, decidiu deliberar sobre a sua criação como consequência de um diferendo existente entre a freguesia da paróquia de Anta, da qual Espinho pertencia.
A elevação de Espinho a freguesia surgiu graças à Irmandade de Nossa Senhora d’Ajuda que, em julho de 1877, decidiu deliberar sobre a sua criação como consequência de um diferendo existente entre a freguesia da paróquia de Anta, da qual Espinho pertencia.
CURIOSIDADES
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Espinho teve a primeira casa a ser iluminada por eletricidade a nível nacional, o Hotel e Restaurante “Chinez”. Atraiu muita gente para admirarem o acontecimento.
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O primeiro anúncio luminoso instalado em Portugal foi no Hotel Bragança.

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Espinho teve dos primeiros estabelecimentos de banho com água quente.
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As denominações dos nomes das ruas de Espinho nem sempre foram numerais. Antigamente, as ruas eram descritas com nomes. No entanto, com o objetivo de apagar a memória da monarquia, surgiu a resolução dos números.
Espinho e Nova Iorque são as únicas cidades cujas ruas são descritas com números. -
Qual a história por detrás das palmeiras na Avenida 8?
Quando o Rei D. Manuel II veio a Espinho, fez uma visita à Fábrica de conservas. Para a sua passagem foi feito um arco com palmeiras, que começaram a largar a bolota. A Câmara decidiu aproveitar e começou a plantar as bolotas na Avenida 8, até à rua 29.